Estudos e Experiências

Gosto de fazer estudos e experiências e se já me estão a imaginar a esventrar um sapo num desses quaisquer laboratórios de cosmética de renome digamos que seria incapaz de o fazer…e aliás se nos basearmos nos contos infantis…percebemos que é por fazerem isso que a monarquia acabou no nosso país deixando o D. Duarte e a sua historia de amor baseada no “Eu andei com a Isabelinha ao colo quando era recém nascida” como único recurso ao “Foram felizes para sempre”…
Pois bem, as experiências que me refiro resumem-se tão-somente a vivências que depois transformo em espécies de teorias conclusivas, como por exemplo quando decidi na mesma noite ir a um baile de aldeia…e depois a uma discoteca para estudar os comportamentos humanos nos diferentes habitats (ok…todos aplaudiram quem escalou o Everest para provar que o frio reduz a capacidade fluente da corrente sanguínea nas extremidades do corpo porque raio não posso eu dar-me a umas loucuras??? Perde a graça uma vez que não tenho de sacrificar a ponta do meu nariz? Humm??)!

O Baile: -Cheguei por volta das 21 horas…estava apinhado de gente, maioritariamente reformados do Lar de Santa Engrácia, presumo que seriam os mesmos que estiveram presentes na corte de D. João V quando este determinou as 21 horas como a hora ideal para nos fazermos anunciar num baile. Para conseguir levar a cabo o meu estudo, vi-me forçada a chantagear um velhote com um prato de mão de vaca com grão (que mandei vir no restaurante que montaram no palheiro do Zé Manel) em troca do lugar onde estava sentado…aquele com melhor vista para o recinto…mas ele com um sorriso trocista regateou comigo e disse-me que só o faria em troca de um pires de pipis… (aqui deduzo que pela forma como me olhou ou sofria de cataratas ou estava mesmo a ser maldoso) …A custo lá consigo o melhor lugar da plateia.
Se existe coisa que um baile penaliza, são os maus dançarinos…e se esmagar os pés da pessoa com quem se dança, com os próprios pés, já pode ser considerado doloroso…imaginem o que podem fazer andarilhos e bengalas à mistura…o que valia mesmo era as letras brejeiras do Quim Barreiros que inspiravam aos apalpões e mantinham os sorrisos nos lábios das senhoras que já haviam perdido o rubor da face nos anos setenta mas de todo tinham perdido os velhos hábitos.
Confesso que me diverti…entre foguetes a estalarem nos meus ouvidos, meio estonteada pelo cheiro da naftalina (foi nesse momento que prometi respeitar para sempre as traças) e no meio de uma multidão de viúvas que por certo os conjugues falecidos todos sofreram acidentes duvidosos, ou morreram enquanto a sua própria arma ( que a esposa por acaso limpava no momento) disparou por acidente, ou enquanto mudavam um pneu do carro da sogra ou ainda envenenados por uma ostra em mau estado! Mas o momento alto da noite…foi quando dancei com o Sr. Joaquim…um senhor com 72 anos muito amoroso e respeitador que de forma tímida me disse que lhe estava a fazer perder o fôlego…confesso que me senti lisonjeada, pelo menos até ao momento em que ele começou a perder as cores e a arfar a cada passo e percebi que estava a ter uma crise de asma…aqui deduzi que estava na altura de me retirar até ao meu próximo local de estudo!

A Discoteca: -Assim que entrei a atmosfera saturada de fumo, perfume barato, suor, musica mortal para os ouvidos e excesso de poliéster fez o meu rosto assumir uma cor esverdeada que por sinal ficou bem com os focos luminosos que por acaso me destruíam as retinas e as luzes psicadélicas que me davam a ilusão que todos à minha volta sofriam de alzheimer…mas mesmo com tantas luzes o ambiente era soturno e escuro…propicio para a única coisa que vi …homens que ofereciam bebidas duvidosas a mulheres, mulheres que aceitavam as bebidas duvidosas dos homens e sim, no meio de tanta escuridão acredito que muitos deles que juraram ter encontrado o amor verdadeiro ali entre beijos e abraços à pessoa a quem nem sequer conseguiram ver a cor do cabelo …quando chegaram a casa e acenderam as luzes mudaram brutalmente de opinião quando a morena sensível de voz sensual se transformou num camionista de peito peludo e voz de bagaço…
Mas uma coisa é certa na Discoteca não temos de saber dançar nem sequer conversar...basta-nos para tanto bambolearmo-nos de forma descoordenada e já seremos considerados uma espécie de Jonh Travolta ou Fred Astair dos tempos modernos. Aliás estava eu num desses momentos quando por acidente respinguei o meu sumo de laranja para cima de uma das dançarinas …ela zangada gritou “ Olha lá…salpicaste a minha roupa” …mas pergunto eu…QUAL ROUPA??? Foi o ponto alto do momento…tive de ir a uma discoteca para descobrir que tenho pontaria…afinal de contas nem o Jonh Wayne acertaria num alvo tão reduzido…

Conclusão: Depois de pesar os prós e os contras…penso que será de longe mais saudável um pezinho de dança com o Sr. Joaquim (especialmente agora que acho que ele até tem uma botija de oxigénio nova) que despender dos meus sentidos ao som do Marlin Mason com um ataque de cólicas renais.

Bjs

Catherine